A herança patrimonial e os idosos
A ação dos museus vai ao encontro do papel social da museologia, procurando-se entender como é possível mudar a vida das pessoas positivamente através do trabalho com o patrimônio. O alcance da relação museológica com o público idoso, remete para o impacto do papel dos museus e a contribuição da museologia como um desafio prático (museográfico) e teórico (museológico) que se destaca no recorte do público com 60 e mais anos, numa estratégia bem sucedida para instituições e cidadãos, assim o idoso é aquele pelo qual se acredita que devemos desenvolver empatia, para reforçar relações entre idosos e museus.
Colocando-se no lugar do outro, percebe-se como é importante agir fora do individualismo, dos saberes de especialistas técnicos, deste modo a revolução pela empatia que vem sendo promovida por alguns pensadores é aqui apontada por se acreditar ser uma das soluções para lidar com o envelhecimento populacional. Não se pode equivocar este conceito com o de simpatia ou condescendência, trata-se da "arte de colocar os sapatos da outra pessoa e perceber o mundo através da sua perspetiva. É sobre compreender os pensamentos, sentimentos, ideias e experiências que originam a sua visão do mundo"¹.
Porque é importante ficar no lugar do outro, do idoso? Porque se tivermos sorte ocuparemos o lugar de cidadão idoso após os 60 anos, e isso significa que ocuparemos um lugar num grupo heterogêneo e diverso que se reinventa sistematicamente, que lida com conceitos dinâmicos, que é alvo de pesquisas de diversas áreas de conhecimento e de estratégias de governamentalização e normatizações que se aplicam à sua vivência.
Fotos: Asilo Ns. Candelária Itu- SP- Brasil, 2016.
As motivações, interesses e necessidades afloram quando se abordam os indivíduos na sua diversidade, os contextos, os desafios e oportunidades das instituições museológicas. Não é necessário expandir o Museu da Empatia ² necessita-se é de expandir a empatia nos museus, as instituições assumem-se fora da neutralidade, por isso é necessário vincular discursos sociais relacionados com os seus acervos, eles não devem ser apáticos, nem inertes como os objetos, embora para alguns seja ainda difícil o posicionamento sociopolítico.
A experimentação junto com o público possibilita a mudança social permitindo-se a representação de múltiplas vozes, os que se entregam a estes desafios são visto como museus de transição (CURY, 2014 ³) onde se contempla a diversidade, a diferença, a memória e
identidade no plural. Inclusivo,
crítico e contestador com uma significação aberta, este museu procura uma
comunicação com capacidade de diálogo, em mudança e permitindo o trabalho do
patrimônio com muitas possibilidades de (re) interpretação como oportunidade de
aproximação de culturas. Neste foco culturas inter e intra geracionais na esfera do que podemos chamar a arte de viver.
¹ KRZNARIC, Roman - “How to
Start an Empathy Revolution” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RT5X6NIJR88 TEXATHENAS 2013. Acesso: 07 2016 (tradução nossa).
² https://www.facebook.com/empathymuseum/?pnref=story, UK, 2016.
³ CURY, Marília Xavier. Museologia e conhecimento, conhecimento museológico- uma perspectiva dentre muitas. Museologia & Interdisciplinaridade Vol.1II, nº5, maio/junho de 2014 Disponível em: https: //www.researchgate.net/publication/263247901_Museologia_e_conhecimento_conhecimento_museolgico__Uma_perspectiva_dentre_muitas. Acesso 2016.
³ CURY, Marília Xavier. Museologia e conhecimento, conhecimento museológico- uma perspectiva dentre muitas. Museologia & Interdisciplinaridade Vol.1II, nº5, maio/junho de 2014 Disponível em: https: //www.researchgate.net/publication/263247901_Museologia_e_conhecimento_conhecimento_museolgico__Uma_perspectiva_dentre_muitas. Acesso 2016.