Translate

terça-feira, 3 de março de 2015

Desafio de Acesso Cultura


Desafiada pelo Acesso Cultura no início do ano de 2015,  num encontro de profissionais da área, uma abordagem prática ficou na minha ideia depois de várias reflexões teóricas da museologia:
Como nos posicionarmos refletindo questões relevantes do presente através do nosso universo patrimonializado ou musealizado?

"O que é relevante e o que não é relevante para uma instituição cultural? Bem, provavelmente não é esta a questão. A questão é: o que torna uma instituição cultural relevante? Recentemente, dei um curso onde discutimos o lugar e o papel das instituições culturais na sociedade contemporânea. " (VLACHOU, Maria. BLOG: MUSING ON CULTURE, 2015)

Lembrei-me de um trabalho que quero compartilhar nesta linha de raciocínio, faço-o porque esta intervenção foi atempada, mesmo passando despercebida por muitos. Vou dar um exemplo do MRCI / USP em Itu,São Paulo, em pleno racionamento de água nas torneiras, depois de 3 meses de racionamentos parciais, resolveu desenvolver um projeto com apoio do educativo.

Em época de bonança de chuva, não devemos desperdiçar, devemos pensar medidas preventivas e o futuro.

Na teoria não devemos promover o esquecimento ou silenciamento de narrativas alternativas, esta é uma acusação que é feita muitas vezes aos museus. E será importante termos as instituições preparadas para se posicionarem perante situações relevantes.


Mostra Educativa: Leituras contemporâneas da azulejaria portuguesa.
(...)
Autores: estudantes do 3º ano do Ensino Médio do Instituto Borges de Artes e Ofícios – IBAO.
Orientação: professora Morgana Ribeiro(Professora de Arte) e Aline Zanatta (educativo do Museu Republicano).
(...)  As temáticas surgiram dos estudos realizados em visitação ao Museu Republicano e dos estudos feitos em sala de aula, observando a azulejaria portuguesa, as cenas retratadas neles e também os azulejos decorativos, geometrizados e seus arabescos.
Paralelo a esses estudos, observamos algumas obras da artista contemporânea Adriana Varejão, que revisita a temática e a estética referentes ao período colonial brasileiro (as cenas retratadas em azulejos portugueses) de um ponto de vista crítico e ácido, revelando, sob as pinturas de azulejos, “a carne e o sangue indígenas e africanos,” povos que foram matrizes para a construção cultural do nosso país e que socialmente sempre foram injustiçados e desprezados.
A Proposta – dois painéis.
(...)
Então, outro problema surgiu. Como representar tudo isso, fazendo uma intervenção no painel?
O problema da falta de água que nos atinge, foi a questão trazida pelos estudantes, enquanto característica da nossa cidade com relação ao mundo contemporâneo. Sabemos que não é só um problema local e atual, mas reflexo de um conjunto de situações passadas e também relativa a questões de outras ordens, ambiental e política, por exemplo. Os estudantes pensaram em uma torneira, centralizada no meio do painel, de onde saem elementos pesquisados, (...)
Morgana Ribeiro.
Itu, Setembro de 2014."


Fonte: Facebook do Museu republicano Convenção de Itu/SP /BRASIL - Acesso:2015


Maria Vlachou em Portugal publica no seu blog o que quero compartilhar :

"Quando o furacão Sandy atingiu Nova Iorque em 2012, o director do MoMA PS1 publicou isto na página de Facebook do museu:


Como é que isso se relaciona com o seu museu? Com a exposição temporária? Não se relaciona. Relaciona-se com uma outra coisa, porém: a vida.

Em 2014, o ano do Mundial no Brasil, algumas instituições culturais apresentaram exposições, organizaram eventos, fizeram várias referências ao futebol. Algumas podem ter tido a esperança de atrair seguidores entre os fãs de futebol. Outras podem simplesmente ter pensado: isto também é a vida, vamos celebrá-la!

O ataque ao Charlie Hebdo fez-me mais uma vez pensar no papel que as instituições culturais têm na sociedade e na capacidade que têm de se relacionar com ela. E também para colocar a sua teoria em prática. A teoria diz que a cultura ajuda-nos a sermos humanos, tolerantes para com o "Outro", a vivermos juntos, a aprendermos uns com os outros, a partilharmos e a defendermos valores, a pensar de forma crítica. Quando o sector cultural está sob "ataque", usamos estes mesmos argumentos para o defender e para defender a importância do que fazemos. Para a sociedade. Mas quando essa mesma sociedade ri, chora, apaixona-se, desespera, comemora, está de luto... levamos algum tempo (muito tempo, mesmo) para considerar se é apropriado para nós reconhecê-lo, relacionarmo-nos. Não poucas vezes, permanecemos calados.

Assim, na manhã seguinte ao ataque ao Charlie Hebdo, expressei a minha consternação com o facto de nenhuma instituição cultural grega ou portuguesa (entre aquelas que sigo no Facebook e no Twitter) ter reagido à tragédia. Uma tragédia relacionada directamente com tudo o que a cultura defende. Segundos depois de eu ter publicado o meu post, o Centro Cultural Onassis publicava o deles. Mais tarde, o Museu Benaki. Alívio... Depois disso, alguns colegas avisaram-me de atitudes semelhantes da parte do Museu Nacional da Imprensa ou do Museu Bordalo Pinheiro. Seguiram-se mais algumas instituições culturais. No dia 9 de Janeiro, o Museu Arqueológico do Carmo convidava-nos para um debate com cartoonistas e académicos. Alívio...(...) "


Contatos para mais pessoas terem ACESSO...

https://www.facebook.com/AcessoCultura

http://musingonculture-pt.blogspot.com.br