Desafiada pelo Acesso Cultura no início do ano de 2015, num encontro de profissionais da área, uma abordagem prática ficou na minha ideia depois de várias reflexões teóricas da museologia:
Como nos posicionarmos refletindo questões relevantes do presente através do nosso universo patrimonializado ou musealizado?
"O que é relevante e o que não é relevante para uma instituição cultural? Bem, provavelmente não é esta a questão. A questão é: o que torna uma instituição cultural relevante? Recentemente, dei um curso onde discutimos o lugar e o papel das instituições culturais na sociedade contemporânea. " (VLACHOU, Maria. BLOG: MUSING ON CULTURE, 2015)
Lembrei-me de um trabalho que quero compartilhar nesta linha de raciocínio, faço-o porque esta intervenção foi atempada, mesmo passando despercebida por muitos. Vou dar um exemplo do MRCI / USP em Itu,São Paulo, em pleno racionamento de água nas torneiras, depois de 3 meses de racionamentos parciais, resolveu desenvolver um projeto com apoio do educativo.
Em época de bonança de chuva, não devemos desperdiçar, devemos pensar medidas preventivas e o futuro.
Na teoria não devemos promover o esquecimento ou silenciamento de narrativas alternativas, esta é uma acusação que é feita muitas vezes aos museus. E será importante termos as instituições preparadas para se posicionarem perante situações relevantes.
Mostra Educativa: Leituras contemporâneas da azulejaria portuguesa.
(...)
Autores: estudantes do 3º ano do Ensino Médio do Instituto Borges de Artes e Ofícios – IBAO.
Orientação: professora Morgana Ribeiro(Professora de Arte) e Aline Zanatta (educativo do Museu Republicano).
(...) As temáticas surgiram dos estudos realizados em visitação ao Museu Republicano e dos estudos feitos em sala de aula, observando a azulejaria portuguesa, as cenas retratadas neles e também os azulejos decorativos, geometrizados e seus arabescos.
Paralelo a esses estudos, observamos algumas obras da artista contemporânea Adriana Varejão, que revisita a temática e a estética referentes ao período colonial brasileiro (as cenas retratadas em azulejos portugueses) de um ponto de vista crítico e ácido, revelando, sob as pinturas de azulejos, “a carne e o sangue indígenas e africanos,” povos que foram matrizes para a construção cultural do nosso país e que socialmente sempre foram injustiçados e desprezados.
A Proposta – dois painéis.
(...)
Então, outro problema surgiu. Como representar tudo isso, fazendo uma intervenção no painel?
O problema da falta de água que nos atinge, foi a questão trazida pelos estudantes, enquanto característica da nossa cidade com relação ao mundo contemporâneo. Sabemos que não é só um problema local e atual, mas reflexo de um conjunto de situações passadas e também relativa a questões de outras ordens, ambiental e política, por exemplo. Os estudantes pensaram em uma torneira, centralizada no meio do painel, de onde saem elementos pesquisados, (...)
Morgana Ribeiro.
Itu, Setembro de 2014."
Fonte: Facebook do Museu republicano Convenção de Itu/SP /BRASIL - Acesso:2015
Maria Vlachou em Portugal publica no seu blog o que quero compartilhar :
"Quando o furacão Sandy atingiu Nova Iorque em 2012, o director do MoMA PS1 publicou isto na página de Facebook do museu:
Como é que isso se relaciona com o seu museu? Com a exposição temporária? Não se relaciona. Relaciona-se com uma outra coisa, porém: a vida.
Em 2014, o ano do Mundial no Brasil, algumas instituições culturais apresentaram exposições, organizaram eventos, fizeram várias referências ao futebol. Algumas podem ter tido a esperança de atrair seguidores entre os fãs de futebol. Outras podem simplesmente ter pensado: isto também é a vida, vamos celebrá-la!
O ataque ao Charlie Hebdo fez-me mais uma vez pensar no papel que as instituições culturais têm na sociedade e na capacidade que têm de se relacionar com ela. E também para colocar a sua teoria em prática. A teoria diz que a cultura ajuda-nos a sermos humanos, tolerantes para com o "Outro", a vivermos juntos, a aprendermos uns com os outros, a partilharmos e a defendermos valores, a pensar de forma crítica. Quando o sector cultural está sob "ataque", usamos estes mesmos argumentos para o defender e para defender a importância do que fazemos. Para a sociedade. Mas quando essa mesma sociedade ri, chora, apaixona-se, desespera, comemora, está de luto... levamos algum tempo (muito tempo, mesmo) para considerar se é apropriado para nós reconhecê-lo, relacionarmo-nos. Não poucas vezes, permanecemos calados.
Assim, na manhã seguinte ao ataque ao Charlie Hebdo, expressei a minha consternação com o facto de nenhuma instituição cultural grega ou portuguesa (entre aquelas que sigo no Facebook e no Twitter) ter reagido à tragédia. Uma tragédia relacionada directamente com tudo o que a cultura defende. Segundos depois de eu ter publicado o meu post, o Centro Cultural Onassis publicava o deles. Mais tarde, o Museu Benaki. Alívio... Depois disso, alguns colegas avisaram-me de atitudes semelhantes da parte do Museu Nacional da Imprensa ou do Museu Bordalo Pinheiro. Seguiram-se mais algumas instituições culturais. No dia 9 de Janeiro, o Museu Arqueológico do Carmo convidava-nos para um debate com cartoonistas e académicos. Alívio...(...) "
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