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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Público com mais de 60 anos "À roda dos Objetos"

Começaremos 2017 com a participação de idosos numa ação educativa que envolve 4 museus de Itu, parceiros do entorno que são instituições de apoio/convívio de idosos e outros convidados, e os cidadãos com 60 e mais anos da cidade do interior paulista, na sua diversidade sociodemográfica e cultural.

O projeto "À RODA DOS OBJETOS" foi contemplado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo com o Edital Proac nº 18/2016 – “Concurso de apoio a projetos de difusão de acervos museológicos no Estado de São Paulo".

O projeto pretende colocar em prática a construção de ações museográficas dialogando com os departamentos educativos, de salvaguarda e expográfico utilizando técnicas de educação patrimonial compartilhada e ação continuada, proporcionando que os acervos sejam levados ao exterior e construir possibilidades de experimentação e afinidades. Tendo em conta a heterogeneidade sociocultural que caracteriza este público, procuram-se eliminar estereótipos que acabam limitando o potencial de interação museológica, revelando a relação privilegiada que surge pela oportunidade de trabalho com a memória, numa opção museográfica mais contínua e dentro e fora dos muros dos museus, partindo de trabalho de mediação sociocultural, visitação e participação.


Usufruir dos museus passa pelo acesso comunicacional que visa explorar questões atitudinais e sensoriais, uma conquista que surge após as barreiras aquitetónicas e de acessibilidade física estarem ultrapassadas (pois estão regulamentadas) e cuja importância se faz prioritária por necessidades que podemos ter todos nós, em qualquer fase da vida, de modo permanente ou transitório.

Ir mais longe é pensar curadorias participativas acessíveis - a construção da acessibilidade cultural e a participação de diferentes públicos em propostas curatoriais (SARRAF,2016) uma construção dinâmica em processo, por isso as propostas podem não ser um produto feito, rotulado de PROJETO COM ACESSIBILIDADE, mas em construção que beneficiará todos e que vai somando reflexões a partir da participação dos grupos. 

A comunicação multisensorial pode ser mais efetiva na museografia para a heterogeneidade de públicos ?
Beneficiaremos todos com estratégias de acessibilidade ?

A utilização de vários suportes e linguagens comunicacionais, seja nas exposições ou nas ações dos setores de educação dos museus, a "comunicação cultural sensorial"(SARRAF,2015) ou "mediação multisensorial" (TOJAL, 2008) podem proporcionar remnisciências, memórias, e sensações ou emoções que hoje são valorizadas na museografia, no tocante às ações socioculturais voltadas para público idoso.



"Relações mais sensíveis e menos intelectualizadas podem ser estabelecidas” no acesso à cultura e lazer, em especial para quem tem diferentes formas de “locomoção, cognição e percepção” (SARRAF, 2015), protagonizando diferentes motivações e interesses, acreditando-se na possibilidade de atender melhor grupos específicos de visitantes, assim os diálogos inclusivos parecem ser potencializados no que se designa de “mediação sensorial”.

A questão de acessibilidade como paradigma prático dos museus do século XXI surge como premissa numa triangulação que se acredita estar na base de relacionamento entre públicos e instituições:

→ conhecer o público (no caso específico - os idosos) 
→ conhecer o entorno,
→ e as possibilidades de intervenção museográfica (ARAUJO, 2016). 

Tendo por base estes elementos de interrelações e realidades práticas possibilita-se um relacionamento museológico de expansão e inclusão de públicos (AIDAR, 2015) e inovação social [1] na procura de melhores respostas participativas dos vários intervenientes no processo curatorial.

Seguir:
http://estadodacultura.sp.gov.br/projeto/684/


[1]
Um processo e simultaneamente um produto, conforme os pesquisadores James Phills Jr., Kriss Deiglmeier e Dale Miller, observam que para ser inovador, o processo - que tem enfoque na esfera do social-  precisa lidar com dois critérios: a novidade (mesmo que não seja um ato original deve ser novo para os utilizadores, para o contexto ou modo de aplicação); o outro critério é a melhoria como resultado ou processo, pois deve ser mais eficiente, efetivo e sustentável do que as condições existentes. (PHILLS, DEIGLMEIER,  MILLER 2008). Disponível em:< https://ssir.org/articles/entry/rediscovering_social_innovation>. Acesso em: 20 ago. de 2016.
    
REFERÊNCIAS 

AIDAR, Gabriela. Museums and Social Change: two perspectives on the social role of museums. Saaarbrucken: Lap Lambert Academic Publishing, 2015.


ARAUJO, O. Susana Costa. Os Idosos como Público de Museus. 2016 Dissertação (mestrado em Museologia da Universidade de São Paulo) São Paulo, 2016.

SARRAF, Viviane. Acessibilidade em Espaços Culturais: mediação e comunicação sensorial. São Paulo: Editora da PUC-SP, 2015.
_________. CURSO: Curadorias acessíveis 2. Pesquisa pós doutorado Museu de Arqueologia e Etnologia,USP -SP. 2016.

TOJAL, Amanda, Acessibilidade, Inclusão Social e Políticas Públicas: uma proposta para o estado de São Paulo, BRUNO, M. C. O.; NEVES, K. R. F. (Coord.). Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento: propostas e reflexões museológicas. Segunda Parte, Capítulo 1, São Cristovão: Museu de Arqueologia de Xingó, 2008




Continuando o "Valor do Patrimônio"

Conhecer a campanha da UNESCO que reforça defesa do patrimônio, em especial em lugares de conflito, permite refletir sobre o que se sentiria ao passar na rua e o lugar de culto, igreja ou casa de origem tivessem sido destruidos, ou se fosse imposta uma proibição de cantar ou dançar uma música que faz parte da nossa herança cultural.

Esses são atos de violência, tal como a estratégia de não valorizar um bem cultural para que ocorra o seu esquecimento, ou hipervalorizar traços culturais de um grupo para se apagarem outros traços, normalmente pertencente a outro grupo de forma mais ou menos subtil.

Na diversidade é preciso discutir e assumir aquilo que nos pertence, entender e tolerar o que pertence aos "outros",  e que pertencerá a todos nós como humanidade. O patrimônio resalta no sentimento de pertencimento, ele faz parte das pessoas, é o que elas valorizam como uma referência cultural, mais do que um objeto é o sentimento.

Um exercício pessoal, pensar um bem a que atribui valor patrimonial, na sua cidade ou país, e SINTA que reação mnemónica é desencadeada,o que pensa sobre ele, que sensações sinestésicas, olfativas, sonoras ou visuais se despertam.



E agora, QUE SENSAÇÃO FICOU depois de vivênciar a ideia da sua destruição?
Conhecer o patrimônio é muito mais do que conhecer a sua história, e seus contornos é percepcionar com toda a capacidade multisensorial a sua valorização.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Crimes contra Patrimônio

Começam a ser julgados como crimes de guerra atos de destruição contra o patrimônio. 

Acusado de destruir um Patrimônio Histórico Mundial, Ahmad Al Faqi Al Mahdi foi considerado culpado  no Tribunal Penal Internacional, em Haia na Holanda, pelo "crime de guerra relacionado à destruição de monumentos históricos e religiosos em Timbuktu" entre junho e julho de 2012. Os edifícios localizados no Mali foram construídos no século V, mas que tiveram seu apogeu econômico e cultural entre os séculos XV e XVI.

O primeiro julgamento representa uma tendência para o futuro, depois que vários patrimônios edificados começaram a ser alvos em zona de conflito, já neste século.

A história sempre testemunhou saques e destruição de bens culturais, em especial em momentos de guerra,  antes, durante e depois dos impérios colonialistas, a destruição cultural do ocupado sempre foi uma estratégia de aniquilar os povos. 

Assim, não é por isso surpresa estes atos de vandalismo, no entanto a decisão de julgar internacionalmente tais crimes faz refletir,  sobre a nossa dimensão mais planetária,  pois até se criou uma valorização de patrimônio da humanidade, ou mundial, e por isso a categoria torna-se tão valorizada, que a sua destruição é capaz de ofender mais pessoas do que aquelas a quem pertence.
Tudo o que se protege (musealiza) tem uma história que se pretende contar, a  valorização e empoderamento de um discurso, do mesmo modo por meio desse patrimônio é possível silenciar-se outros discursos que podem ser trazidos para a discussão. 

Paralelamente a destruição de patrimônio é uma tentativa de apagar referências ou vincular discursos de que se pode destruir essas valorizações. Esta passagem cinematográfica de um minuto e meio remete para uma história, que heroísmos à parte trás para discussão os bens culturais.

Mesmo sem ser em tempo de guerra, visar a herança patrimonial, significa uma posição política tanto quanto protegê-la. 



https://www.youtube.com/watch?v=VJqh2pnQXkw


Referências:
  • Disponível em <http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2016/08/pela-primeira-vez-acusado-de-destruir-patrimonio-mundial-e-julgado/#.WA6Z6OArLIU> acesso em 24 out 2016
  • The Monuments Men (Original)- Caçadores de Obras Primas . Direção: George Clooney, Produção: Clooney and Grant Heslov [S.l.]:Fox 2000 Pictures, Smokehouse Pictures, Studio Babelsberg.  2014. 1 bobina cinematográfica, (118 min), son., cor.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Cuidar dos netos, ser cuidado pelos avós, ou deixar os filhos com o mais velhos.


Sobre o papel dos idosos e a sua diversidade como cidadãos do mundo, a reflexão de hoje parte de vidas mais ou menos distantes que podem ser de qualquer um. 
Cruzando conceitos de realidades como migrações, crise econômica, vivências diversas de inter geracionalidade e sustentabilidade surge uma história que fala de envelhecimento e adaptação social.

No artigo "The missing parents" do jornal  The Guardian, mostra-se um ensaio fotográfico sobre os idosos que cuidam dos netos, pela ausência dos pais em Myanmar, pais vizinho da Tailândia. O jornal britânico remete para uma realidade que é seguida pela organização AGE INTERNATIONAL (http://www.ageinternational.org.uk/), organização que observa idosos em vários pontos do globo.

 

Pormenores das fotos da reportagem The missing parents. 
Fotos: David Levene

A vivência intergeracional, entre avós e netos assenta na ausência dos pais que partem para trabalhar, deixando os filhos para serem cuidados pelos mais velhos.
O cotidiano aponta para a necessidade de migrar, também como estratégia de sustentabilidade
num contexto econômico desfavorecido.

Lendo as falas dos entrevistados idosos, focando a vivência destes na adaptação social, retiram-se muitas interpretações, no entanto são questionamentos transpostos para outras vivências que parecem pertinentes.

Como os idosos que conhecemos vivenciariam tal realidade? 
Como os netos que conhecemos se sentiriam em relação aos seus pais? 
Como os pais que conhecemos equacionariam esta opção?

São questões que podem ser respondidas pelos três envolvidos, e ponderações que talvez alguns já tiveram de fazer. 
Em contextos sociais diferentes, as realidades construídas por alguns grupos podem originar a nossa própria avaliação da realidade em que vivemos. Assim partimos para entender opções possíveis (ou impossíveis) conforme a defesa do direito às escolhas de cada cidadão independentemente da idade.
Mas será possível fazer escolhas? Ou barramos em outros conceitos: imposição, necessidade, altruísmo, tolerância, amor, independência, individualismo.

Experimente fazer estas perguntas aos que estão à sua volta e a si mesmo, e na sinceridade, pondere o que sente, ou valoriza. Depois imagine (se tiver coragem) as opiniões sinceras dos outros, que assumem os outros papeis, ficará a saber as escolhas que cada um gostava de fazer. Mas, que não se criem hipóteses (se eu fosse avô/á, se eu fosse neto/a, se eu fosse pai/mãe) que os cenários sociais sejam reais com vivências e na eminência das escolhas.


Bibliografia sobre envelhecimento e idosos:
Disponível em  <https://www.theguardian.com/world/ng-interactive/2016/sep/29/myanmars-absent-generation?itc=0&ito=8488>.Acesso em 20 out 2016.
Disponível em <http://www.ageinternational.org.uk/latest-news/> . Acesso em set 2016



segunda-feira, 11 de julho de 2016

Estaremos no lugar do outro um dia mais tarde


A herança patrimonial e os idosos


        A ação dos museus vai ao encontro do papel social da museologia, procurando-se entender como é possível mudar a vida das pessoas positivamente através do trabalho com o patrimônio. O alcance da relação museológica com o público idoso, remete para o impacto do papel dos museus e a contribuição da museologia como um desafio prático (museográfico) e teórico (museológico) que se destaca no recorte do público com 60 e mais anos, numa estratégia bem sucedida para instituições e cidadãos, assim o idoso é aquele pelo qual se acredita que devemos desenvolver empatia, para reforçar relações entre idosos e museus.
      Colocando-se no lugar do outro, percebe-se como é importante agir fora do individualismo, dos saberes de especialistas técnicos, deste modo a revolução pela empatia que vem sendo promovida por alguns pensadores é aqui apontada por se acreditar ser uma das soluções para lidar com o envelhecimento populacional. Não se pode equivocar este conceito com o de simpatia ou condescendência, trata-se da "arte de colocar os sapatos da outra pessoa e perceber o mundo através da sua perspetiva. É sobre compreender os pensamentos, sentimentos, ideias e experiências que originam a sua visão do mundo"¹.
         Porque é importante ficar no lugar do outro, do idoso? Porque se tivermos sorte ocuparemos o lugar de cidadão idoso após os 60 anos, e isso significa que ocuparemos um lugar num grupo heterogêneo e diverso que se reinventa sistematicamente, que lida com conceitos dinâmicos, que é alvo de pesquisas de diversas áreas de conhecimento e de estratégias de governamentalização e normatizações que se aplicam à sua vivência.


Fotos: Asilo Ns. Candelária Itu- SP- Brasil, 2016.



     As motivações, interesses e necessidades afloram quando se abordam os indivíduos na sua diversidade, os contextos, os desafios e oportunidades das instituições museológicas. Não é necessário expandir o Museu da Empatia ² necessita-se é de expandir a empatia nos museus, as instituições assumem-se fora da neutralidade, por isso é necessário vincular discursos sociais relacionados com os seus acervos, eles não devem ser apáticos, nem inertes como os objetos, embora para alguns seja ainda difícil o posicionamento sociopolítico.
        A experimentação junto com o público possibilita a mudança social permitindo-se a representação de múltiplas vozes, os que se entregam a estes desafios são visto como museus de transição (CURY, 2014 ³) onde se contempla a diversidade, a diferença, a memória e identidade no plural. Inclusivo, crítico e contestador com uma significação aberta, este museu procura uma comunicação com capacidade de diálogo, em mudança e permitindo o trabalho do patrimônio com muitas possibilidades de (re) interpretação como oportunidade de aproximação de culturas. Neste foco culturas inter e intra geracionais na esfera do que podemos chamar a arte de viver.
          

¹ KRZNARIC, Roman - “How to Start an Empathy Revolution” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RT5X6NIJR88 TEXATHENAS 2013. Acesso: 07 2016 (tradução nossa).
²  https://www.facebook.com/empathymuseum/?pnref=story, UK, 2016.
³ CURY, Marília Xavier. Museologia e conhecimento, conhecimento museológico- uma perspectiva dentre muitas. Museologia & Interdisciplinaridade Vol.1II, nº5, maio/junho de 2014 Disponível em: https: //www.researchgate.net/publication/263247901_Museologia_e_conhecimento_conhecimento_museolgico__Uma_perspectiva_dentre_muitas. Acesso 2016.

terça-feira, 1 de março de 2016

Um movimento maior que mexer em livros

Faço parte de um movimento para quem biblioteca significa mais do que livros.

É certamente um "Cantinho Cultural", um espaço em que se pode desenvolver um "DEDO DE PROSA" e onde a "Estante de Leituras" está presente e desperta um momento em que se pode querer estar só mas, também momentos em que se pode querer ter companhia: dos livros, de personagens ou de outras pessoas.

Estas aspas fazem parte de um Projeto sócio cultural que estamos a desenvolver no Asilo NS. da Candelária de Itu / SP - Brasil (2016), fica no entanto um outro exemplo de como a biblioteca pode ser vivida, no Reino Unido testemunha-se uma abordagem, como refere o jornal The Guardian (abaixo), em que para fugir à solidão ou como necessidade de atualização a biblioteca tem portas abertas.

Espalhados pelo globo, espaços culturais promovem a inclusão através das atitudes que alteram a utilização (dita tradicional) e missão dos espaços no século XXI, certamente com a ajuda dos objetos ou livros.
Acredita-se na questão atitudinal, que com mais ou menos recursos, promove alterações sociais que não podem ser ignoradas, mas enfrentadas e trabalhadas constantemente perante desafios.

A inclusão digital por exemplo não significa fornecer computador apenas, é preciso escutar¹: que falta faz esse computador, qual a curiosidade que ele desperta, como cada grupo se relaciona com ele? Não generalizar que hoje "tudo se faz no computador".
Tudo? Para todos? Todos quem? e os que ainda não têm ACESSO² ao computador? Podemos inclui-los? Certamente, desde que exista a atitude de dar oportunidade e tempo e lógica. Como qualquer dinâmica cultural a alteração tecnológica, proporciona ritmos, dimensões e vivências distintas sobre as suas apropriações.

Os humanos sempre produziram tecnologia á medida das suas necessidades e adaptabilidades. Ao pensar em: fax, leques, máquina de moer carne, máquina de barbear, pilão de pedra, caixas de plástico e computador (nas suas mais recentes e variadas formas). Todos lidamos com tecnologias diferentes em tempos diferentes, precisamos refletir para nos adaptar a novas, e nos admiramos ao explorá-las.
Posturas que dependem de interesse, aprendizagens e oportunidades dos utentes mas, também de quem proporciona os serviços.


¹ Baseado em estudos de público ou recepção, as ações ou projetos embasam-se em diagnósticos, que permitem um planejamento, ações efetivas e avaliação, que sempre serão parte de um processo construtivo, sério e de comprometimento.
² Acesso - no sentido de acessibilidade: seja econômica, física, cognitivo ou atitudinal neste sentido vou adotar este termo com a abrangência que acredito que tenha neste momento.

in 
Acesso Cultura

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O que é museologia? O que é musealizar? Entrevista com Maria Célia Santos

Como se pode fazer MUSEOLOGIA fora do museu? Onde se pode fazer MUSEOLOGIA?

Com que objetos? Para que público ? Com que público se pode fazer ?

Será que ela nos responde?




São os rumos da museologia contemporânea quando se compromete a resignificar acervos, socializar, problematizar e explicar que sempre nos posicionamos cultural e socialmente, isto ocorre quando tecnicamente trabalhamos o acervo em pesquisa: seja salvaguardando (escolhendo, documentando e preservando), seja comunicando (expondo, publicando nas mídias sociais ou em papel, na educação). A pesquisa e ação museológica têm como premissa democratizar acervos culturais, ou herança patrimonial (BRUNO, Cristina) para isso precisamos de foco através da diversidade dos discursos, da tolerância e cidadania. Devemos pensar quem e para quê, para além do "quê".

Conheça a opinião da Professora em Museologia Maria Célia Santos

https://youtu.be/rDT3_VH_Rdk?t=32
Uma breve apresentação da área de conhecimento e incentivo aos museólogos como cientistas sociais. (GUARNIERI, Waldisa)























sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Caderno de Resumos do II Simpósio Internacional de Pesquisa em Museologia

     A Universidade de São Paulo apresentou em 2015 o II Simpósio Internacional de Pesquisa em Museologia onde pesquisadores da área de diversas universidades nacionais e estrangeiras apresentaram os seus estudos e trabalhos. 
     O evento contou com a organização do Programa de Pós Graduação Interunidades em Museologia da USP para a execução de grupos de trabalho, cursos de difusão, apresentações orais e mesas de debate. 
    O Caderno de Resumos agora disponível ficará em link para compartilhar vários estudos que foram selecionados para apresentação oral e que beneficiaram certamente com este encontro e troca de ideias.

    Os Idosos como Público de Museus - Recepção de idosos numa perspectiva bem sucedida (p.38) foi o trabalho que apresentei.
Entender que relações se estabelecem entre museus e os cidadãos com mais de 60 anos, nomeadamente como se desenvolvem ações e interações. Que reflexão teórica têm sido desenvolvida para apoiar estas abordagens e que metodologias podem apoiar na prática o desafio das instituições em dar acesso à grande diversidade existente no grupo idoso. 
    O potencial público idoso pode originar um desafio mas também a oportunidade do museu exercer a sua função social.
Os estudos de recepção e público podem contribuir para entender como estabelecer interações entre museus e o público idoso para concretizar ações museográficas.

Pensando que os museus devem "ter a ambição de mudar a vida das pessoas (...) e maximizar o seu impacto social" (trad.nossa, apresentação de FLEMING,David, 2015 in The Social Role of Museums - Public Lecture, Tbilisi,27 nov. ICOM GEORGIA).

Vale a pena conferir abaixo os trabalhos apresentados:

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Idosos como público de museus


Apresentação da Pesquisa "Idosos Como Público de Museus" no II Sebramus - Seminário Brasileiro de Museologia / Recife 16 a 20 Nov. 2015, depois do 2º SInPEm /São Paulo Out.2015 (Simpósio Internacional de Pesquisa em Museologia) foi bom rever e partilhar ideias com a Rede de Professores e Pesquisadores em Museologia.
O blog será alimentado com links da pesquisa em andamento, partilhando-se abordagens museológica com cidadãos de 60 e mais anos de idade dentro da premissa social da museologia. Quebrando paradigmas de inclusão de públicos nas instituições museológicas contribui-se com a comunicação de trabalhos, em formato de ações ou programas, para refletir as relações de recepção com o público idoso.

Apresentação no GT 20 -  Museologia e trabaho em museus: trajetórias, tendências, modelos, formação e papel social
Organizadoras: Profa Me. Carolina Ruoso (Secretaria de Cultura do Estado do Ceará) e Pr
ofa Dra. Manuelina Duarte Cândido (UFG e IBRAM)







Apresentação de um recorte da pesquisa de Mestrado Interunidades em Museologia da Universidade de São Paulo/ Brasil 2014 a 2016 - Bolsista Capes







domingo, 15 de novembro de 2015

Museus fechados em Paris

Os museus foram fechados em Paris
Provavelmente nunca as redes sociais dos museus postaram em sincronia uma mensagem tão simples porém tão poderosa.
As portas estarão fechadas. Será por causa dos acervos, ou por causa dos seus públicos?

Por ambos. Sabe-se que uma significativa concentração de pessoas visita os museus parisienses, após o 13 de novembro de 2015, optou-se por ficarem fechados.
Certamente não pensaram só na salvaguarda material, a reflexão sobre o acervo humano de que são detentores, foi impulsionador para esta decisão.
Com mais ou menos explicação, com mais ou menos posicionamento, ou consternação solidariamente a lista de instituições parece infindável.
Não abriremos pois somos vinculadores de um discurso, de um modo de vida, de uma valorização do patrimônio e de memórias que avassaladoramente alguns querem ver destruídas.
Por vezes esta destruição ocorre por negligência ou desinteresse institucional, mas sabemos que outros usam esta estratégia como forma de guerrilha nos próprios territórios.
O que os impedirá de usar em territórios alheios, onde o trunfo é chocar e vulnerabilizar?
Como a utopia de patrimônio da humanidade pode ser uma ferramenta de preservação e simultaneamente de desvalorização, pode muito bem ser usada não com enfoque de destruir o patrimônio mas, de deixar mazelas na humanidade.

Penso em vidas que poderiam ter sido ceifadas na frente de um qualquer museu. Por isso as portas permanecem fechadas, podem atingir as paredes mas, não o nosso público. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

ETEC Martinho de Ciero com portas abertas em Outubro 2015

A Etec Itu Martinho de Ciero prepara a revitalização do seu centro de memória para apresentação na iniciativa anual EPA - Etec de Portas Abertas.
Receber alunos do ensino fundamentar, promover os cursos à comunidade escolar e apresentar trabalhos desenvolvidos pelos alunos da escola com vertente técnica, são alguns objetivos desta atividade.

O centro de memória vai ser reativado, passando por um processo de limpeza preventiva do acervo, e sua catalogação, para iniciativas expositivas e de trabalhos de oficinas.
Contando com colaboração de alunos e professores as tarefas da cadeia operatória de museologia no tocante à salvaguarda (conservação e documentação) bem como em futuras tarefas de comunicação museológica ( exposição e ações educativas) levam à reestruturação do centro e servirá para desenvolver pesquisas e destas partirão certamente novas ações de comunicação.

Dia 19 de Setembro - Desenvolvimento de atividade de limpeza geral / preventiva. A futura catalogação de acervo conta com um projeto base já desenvolvido anteriormente pela escola quando esta teve um curso técnico de museologia.
Limpeza geral do espaço com os
alunos dos vários cursos a participar da força tarefa para
dividir o espaço por temáticas - trabalho já efetuado em
sala de aula 


 

Dia 06 de Outubro a escola de portas abertas apresenta a primeira abordagem ao acervo que pode vista pelos visitantes.


Com mais de 50 anos, a instituição resolve trabalhar as suas memórias através deste centro que é um ponto de partida de recuperação da cultura material - um lugar de memória, como Ulpiano Meneses  refere estes lugares são "espaços, coisas, pessoas, instituições, cerimônias, símbolos(...)"(2007, p.31) mas a memória está sempre em construção por novas vivências, lembranças pessoais ou coletivas, experiências e releituras. A memória vive no tempo presente não é coisa do passado, talvez por isso as pessoas usam o chavão "memória viva".
São as abordagens do presente que recuperam implicações do passado, discursos que trazendo à memória uns, podem desmemorizar outros, estas abordagens sempre podem contribuir para trabalharmos questões de identidade, cidadania, de tolerância, de auto estima. Onde estamos, o que fomos, e para onde vamos ...


Referências:
MENESES, Ulpiano. Os paradoxos da memória, MIRANDA, Danilo Santos. Memória e Cultura - a importância da memória na formação da cultura humana. São Paulo: Edições SESC SP, 2007.

terça-feira, 3 de março de 2015

Desafio de Acesso Cultura


Desafiada pelo Acesso Cultura no início do ano de 2015,  num encontro de profissionais da área, uma abordagem prática ficou na minha ideia depois de várias reflexões teóricas da museologia:
Como nos posicionarmos refletindo questões relevantes do presente através do nosso universo patrimonializado ou musealizado?

"O que é relevante e o que não é relevante para uma instituição cultural? Bem, provavelmente não é esta a questão. A questão é: o que torna uma instituição cultural relevante? Recentemente, dei um curso onde discutimos o lugar e o papel das instituições culturais na sociedade contemporânea. " (VLACHOU, Maria. BLOG: MUSING ON CULTURE, 2015)

Lembrei-me de um trabalho que quero compartilhar nesta linha de raciocínio, faço-o porque esta intervenção foi atempada, mesmo passando despercebida por muitos. Vou dar um exemplo do MRCI / USP em Itu,São Paulo, em pleno racionamento de água nas torneiras, depois de 3 meses de racionamentos parciais, resolveu desenvolver um projeto com apoio do educativo.

Em época de bonança de chuva, não devemos desperdiçar, devemos pensar medidas preventivas e o futuro.

Na teoria não devemos promover o esquecimento ou silenciamento de narrativas alternativas, esta é uma acusação que é feita muitas vezes aos museus. E será importante termos as instituições preparadas para se posicionarem perante situações relevantes.


Mostra Educativa: Leituras contemporâneas da azulejaria portuguesa.
(...)
Autores: estudantes do 3º ano do Ensino Médio do Instituto Borges de Artes e Ofícios – IBAO.
Orientação: professora Morgana Ribeiro(Professora de Arte) e Aline Zanatta (educativo do Museu Republicano).
(...)  As temáticas surgiram dos estudos realizados em visitação ao Museu Republicano e dos estudos feitos em sala de aula, observando a azulejaria portuguesa, as cenas retratadas neles e também os azulejos decorativos, geometrizados e seus arabescos.
Paralelo a esses estudos, observamos algumas obras da artista contemporânea Adriana Varejão, que revisita a temática e a estética referentes ao período colonial brasileiro (as cenas retratadas em azulejos portugueses) de um ponto de vista crítico e ácido, revelando, sob as pinturas de azulejos, “a carne e o sangue indígenas e africanos,” povos que foram matrizes para a construção cultural do nosso país e que socialmente sempre foram injustiçados e desprezados.
A Proposta – dois painéis.
(...)
Então, outro problema surgiu. Como representar tudo isso, fazendo uma intervenção no painel?
O problema da falta de água que nos atinge, foi a questão trazida pelos estudantes, enquanto característica da nossa cidade com relação ao mundo contemporâneo. Sabemos que não é só um problema local e atual, mas reflexo de um conjunto de situações passadas e também relativa a questões de outras ordens, ambiental e política, por exemplo. Os estudantes pensaram em uma torneira, centralizada no meio do painel, de onde saem elementos pesquisados, (...)
Morgana Ribeiro.
Itu, Setembro de 2014."


Fonte: Facebook do Museu republicano Convenção de Itu/SP /BRASIL - Acesso:2015


Maria Vlachou em Portugal publica no seu blog o que quero compartilhar :

"Quando o furacão Sandy atingiu Nova Iorque em 2012, o director do MoMA PS1 publicou isto na página de Facebook do museu:


Como é que isso se relaciona com o seu museu? Com a exposição temporária? Não se relaciona. Relaciona-se com uma outra coisa, porém: a vida.

Em 2014, o ano do Mundial no Brasil, algumas instituições culturais apresentaram exposições, organizaram eventos, fizeram várias referências ao futebol. Algumas podem ter tido a esperança de atrair seguidores entre os fãs de futebol. Outras podem simplesmente ter pensado: isto também é a vida, vamos celebrá-la!

O ataque ao Charlie Hebdo fez-me mais uma vez pensar no papel que as instituições culturais têm na sociedade e na capacidade que têm de se relacionar com ela. E também para colocar a sua teoria em prática. A teoria diz que a cultura ajuda-nos a sermos humanos, tolerantes para com o "Outro", a vivermos juntos, a aprendermos uns com os outros, a partilharmos e a defendermos valores, a pensar de forma crítica. Quando o sector cultural está sob "ataque", usamos estes mesmos argumentos para o defender e para defender a importância do que fazemos. Para a sociedade. Mas quando essa mesma sociedade ri, chora, apaixona-se, desespera, comemora, está de luto... levamos algum tempo (muito tempo, mesmo) para considerar se é apropriado para nós reconhecê-lo, relacionarmo-nos. Não poucas vezes, permanecemos calados.

Assim, na manhã seguinte ao ataque ao Charlie Hebdo, expressei a minha consternação com o facto de nenhuma instituição cultural grega ou portuguesa (entre aquelas que sigo no Facebook e no Twitter) ter reagido à tragédia. Uma tragédia relacionada directamente com tudo o que a cultura defende. Segundos depois de eu ter publicado o meu post, o Centro Cultural Onassis publicava o deles. Mais tarde, o Museu Benaki. Alívio... Depois disso, alguns colegas avisaram-me de atitudes semelhantes da parte do Museu Nacional da Imprensa ou do Museu Bordalo Pinheiro. Seguiram-se mais algumas instituições culturais. No dia 9 de Janeiro, o Museu Arqueológico do Carmo convidava-nos para um debate com cartoonistas e académicos. Alívio...(...) "


Contatos para mais pessoas terem ACESSO...

https://www.facebook.com/AcessoCultura

http://musingonculture-pt.blogspot.com.br


sábado, 20 de dezembro de 2014

Árvores e brincadeiras no quintal

       Os quintais das casas de Itu, alguns do século XIX e seus congéneres do século XX são um patrimônio a servir de reflexão nesta ação de educação patrimonial.
      Pensar a influência que tinham na arquitetura, na economia doméstica, no cotidiano familiar. Olhar um espaço não privilegiado da casa pode levar a muitos questionamentos: para que servia, o que existia lá, que relações se estabeleciam? O que existe hoje, o que temos no fundo das nossas habitações, que usos lhes damos? os que ainda existem para que servem, como e para que serviam?

 Um tesouro pode ser encontrado nesta casa datada do séc. XIX que é a CASA DA PRAÇA - sob a organização da Secretaria Municipal da Cultura de ITU/ SP .
      O espaço de educação e cultura, que promoveu esta ação com foco na educação patrimonial infantil, comunica com as exposições de alguns acervos da cidade e com a Escola Municipal de Iniciação Artística António Santoro.
      Compreender noções ligadas ao patrimônio: os bens imóveis como as casas antigas , os quintais de fundo, os jogos e brincadeiras no exterior, as árvores  de frutas  que ocupam estes quintais que hoje cada vez menos encontramos, praticamente em extinção tal como as árvores de fruta nas cidades.
     Abordar o patrimônio pessoal e cultural municipal, com crianças do ensino infantil de escolas públicas do município de Itu. 

   



 (1) e (2) Vamos desenhar o mapa do tesouro... e vamos encontrar o tesouro? Foi o convite que fizemos a estes pequenos . Podemos brincar no museu? Jogar, cantar, adivinhar, contar histórias e comer !!! 


    Apresentar a casa, e mostrar uma noção de museu onde se pode conhecer, fazer jogos  e brincar de diferentes maneiras. Este projeto questiona hábitos diários das crianças, até chegar ao momentos das brincadeiras do dia a dia. Relacionar o espaço de brincadeira no presente com os espaços que eram ocupados nas casa no passado, o que se fazia nos quintais dos fundos, as árvores de fruta que os ocupavam, para que serviam? Consciencializar para hábitos de vida saudáveis ao nível alimentar e estimular o não sedentarismo e a necessidade de espaços verdes nas cidades. 

Projeto destinado a escolas do ensino infantil, envolvendo os educadores como multiplicadores de conhecimento deste patrimônio, para discussões e visitas futuras.

(1) e (2) Foto de :Renata Guarnieri /2014-Prefeitura de Itu